Letícia M. de Souza
O Encontro Regional
Universitário da Diversidade Sexual, ERUDS sul realmente
mexeu com o imaginário da comunidade acadêmica na UFPR setor
litoral.
Com
a leitura do texto inicial, que referia palavras “ofensivas” e
“promiscuas”, saindo do padrão esperado em um encontro
acadêmico, trouxe aos poucos, porem muito atentos participantes a
incitação sobre o tema de dialogo entre diversos movimentos
sociais.
O
movimento LGBT, não pensa apenas no seu “umbigo”, consegue se
colocar no lugar de diversos outros movimentos sociais, buscando a
luta unida por seus direitos.
Durante
os diálogos da mesa na abertura, percebi a palavra cú
em outra concepção, não apenas como algo ofensivo, mas como algo
que pode e traz prazer para alguém, ou como expressão para
demostração de não se importar com o fato do preconceito
disfarçado, porem descarado.
Quando
falou-se no inicio da leitura de abertura: “ imagine a bicha sendo
penetrada com prazer pelo CU”, confesso que eu, em minha realidade
heterossexual, fiquei boquiaberta, realmente banalizo o uso dessa expressão, ficando apavorada com a leitura e utilização dessa palavra.
O
interessante do encontro, foi a afirmação da mulher e do
afrodescendente. Não utilizando no encontro as palavras no
masculino, como o normal, politicamente correto. Trocando o claro por
escuro, durante as expressões. Tendo uma leitura de texto diferente
do que minha concepçao minimalista estava acostumada.
Ficando
a partir desta linha, o texto “ERUDSMENTE” falando:
È
escuro que existe uma simbologia para a palavra cú, e todas nós
homens e mulheres, em nossa cultura cristã, não estamos acostumadas
com a utilização em meios formais dessa palavra. A ERUDS sul
trouxe a desmistificação dessa
palavra, e de muitas outras por sinal.
Falar,
boceta, cú, ejaculação, penetração com a naturalidade que se
diz: “ hoje está sol”, realmente foi uma maneira confusa e
inusitada de se começar um encontro que carrega com si tanto
preconceito.
Nós
como profissionais em construção, devemos compreender que
escuramente não estamos acostumadas a vivenciar essa situação
trazida pelas meninas do coletivo leque e ich Bicha. Mas é uma
realidade que devemos defender.
Não
precisa ser homossexual para defender o movimento LGBT. Não precisa
ser negra pra defender movimentos raciais. Não precisa ser pobre
para defender movimentos sociais. Não precisa ser acadêmica para
perder o preconceito.
O
entendimento dessa visão resumiria a intenção, que vai muito alem
disso apenas, do ERUDS que confundiu e assustou a pequena plateia,
porem com as oficinas compreendemos melhor a temática e luta de
classes pela igualdade de direito.
Essa
oportunidade escuramente evidenciada em cada momento de discussão,
serve para preparo para a vida, pois todas, não importando o que
fazem com seu cú, precisam compreender que a nossa cultura
discrimina muitas situações e grupos. Mas a mudança começa em
cada um. Sendo assim nós, participantes desse evento, faremos
a diferença para um mundo melhor, minimizando o preconceito e
aprendendo realmente a viver em sociedade.